No coração do antigo reino árabe do Algarve, Silves ergue-se como testemunho vivo de séculos de história. Foi a capital mais importante da região e ainda hoje conserva o perfil senhorial que lhe foi traçado na Idade Média, coroado pelo imponente castelo de arenito vermelho — considerado o mais belo monumento militar islâmico de Portugal e o maior do Algarve.
Das suas torres e muralhas, construídas sobre uma colina da Serra de Monchique, avistam-se os campos férteis cobertos de laranjeiras que acompanham o curso do Rio Arade. No interior, sobrevivem a alcáçova árabe e cisternas ancestrais, uma delas ligada, segundo a tradição, ao próprio rio.
Silves foi conquistada aos mouros em 1189 por D. Sancho I, mas só em 1242, no reinado de D. Afonso III, se consolidou a Reconquista. Daquele período nasceu a antiga mesquita maior, transformada na Sé de Silves, templo gótico-barroco que, tal como o castelo, se ergue em grés vermelho.
O centro histórico mantém o traçado medieval e ganha vida todos os anos em agosto, durante a Feira Medieval, uma reconstituição histórica que transporta visitantes ao esplendor da antiga almedina. O Museu Arqueológico guarda memórias desse passado, incluindo um poço-cisterna islâmico do século XI.
Além do património, Silves revela-se na sua gastronomia: sardinhas albardadas, carapaus alimados, caldeiradas de peixe e doces conventuais como o Morgado de Silves, feito de ovos e amêndoa. A herança árabe permanece também nos figos e laranjas que abundam na região, símbolos de fertilidade e sabor.
Silves é, assim, um lugar onde história, cultura e sabores se entrelaçam, convidando a explorar o Algarve para além das praias, numa viagem ao passado que continua a marcar o presente.